Cerca de meia hora depois da tragédia, nos da equipe da Rádio Agudo, não dávamos mais conta dos telefonemas, eram ligações de pessoas e veículos de comunicação de todo o estado. Começamos a partir daí, dar boletins e entrevistas ao vivo. A primeira rádio com quem eu falei foi a Band AM e em seguida a FM. Não paramos mais, foi assim até quinta-feira e alguns boletins até no sábado, 16 de janeiro, quando o corpo da Denise, última vitima fatal, foi encontrado.
Confesso e digo que não sei da onde tirei forças para trabalhar durante todos estes dias. Na quinta a tarde as forças se foram: não tive mais condições emocionais para trabalhar. É horrível, você ter uma pessoa que considera da família desaparecida, e ter que falar sobre ela, sobre a vida dela nos mais diferentes veículos de comunicação do estado.
A nossa Rádio Agudo passou a partir daquele dia ser reconhecida, e respeitada, por vários veículos de comunicação. Após algumas informações, FALSAS, serem vazadas na imprensa, por GRANDES veículos de comunicação do estado, tais como: sete mortos e o vice-prefeito ter sido encontrado com vida; toda vez que surgia uma nova informação a imprensa ligava para nos, eu, Rique ou Márcio, para ver se tais informações eram precisas ou não.
Era até difícil de trabalhar, pois o telefone não parava na nossa emissora. Cheguei a tirar o meu telefone do gancho, para conseguir produzir as noticias para serem divulgadas na rádio. Eu e o Rique se desdobramos em vários. Quando um dia imaginamos que falaríamos com grandes jornalistas do estado e pais, daríamos entrevistas a eles? E nosso Agudo ser manchete internacional?
Ficou mais uma vez comprovado que a gente nunca sabe o dia de amanhã.
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