quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Um dia sem fim...



27 de janeiro de 2013. Era para ser um domingo igual a muitos outros: sol, família reunida, churrasco, chimarrão... Porém, uma noticia que se espalhou rapidamente, mudou totalmente o rumo de muitas famílias: “O incêndio na Boate Kiss em Santa Maria”. O lindo sol foi substituído por uma enorme nuvem cinza.

Naquela manhã todos acordamos estarrecidos, sem noção de toda aquela tragédia, sem conseguir acreditar no que estava acontecendo em Santa Maria. A preocupação agora era saber se haviam conhecidos entre as vitimas, tenho família e amigos que moram em Santa Maria. Com o auxilio das redes sociais vi que todos estavam bem, porém quatro agudenses e uma paraisense estavam desaparecidos. Mais tarde se confirmou o pior: tinham falecido.

Com o passar do tempo a angustia aumentava, assim como o número das vitimas. De repente o movimento e o barulho de aviões e helicópteros começavam a quebrar o silêncio e a calmaria da minha localidade. (Minha região fica localizada em uma rota de aviões). Primeiramente, imaginei que fossem autoridades, imprensa, etc. indo até Santa Maria. Depois fui saber que eram várias jovens sendo transportados até Porto Alegre, em busca de atendimento médico. Assim foi durante o domingo e a segunda. Era um vai e vem. A cada barulho no céu era uma agonia. Eu sabia que lá em cima tinha uma pessoa entre a vida e a morte. Dias depois fiquei sabendo, que o número de voos tinha ultrapassado o número de 100.

Foram noites mal dormidas, mesmo sem ter ninguém próximo, a dor era enorme. Pensava nos pais que não iriam mais ter seus filhos para abraçar, beijar, dar um conselho...nos irmãos, avós, tios, namorados que perderam seus entes queridos de uma forma tão trágica. Ninguém teve tempo de se despedir de ninguém.
Brasil, estado, região e Santa Maria ficaram enlutados. Festas de carnavais foram canceladas, entre elas o famoso carnaval da Avajaces,  na Quarta Colônia; assim como outros vários eventos. Em um mês, a fiscalização aumentou. Casas noturnas, clubes, sociedades, CTGs, foram interditados. As coisas precisam acontecer para se tomar alguma atitude. Esse é nosso Brasil.

O beijo (Kiss) interrompeu o sonho de muitas pessoas. Jovens, lindos e com um sorriso enorme no rosto. Já passou um mês, ainda é difícil de acreditar, parece que foi ontem. A ferida, dos familiares das 239 vitimas fatais, vai demorar a cicatrizar.

Que a justiça seja feita, que os responsáveis sejam punidos. A maior tragédia da história do Rio Grande do Sul não será esquecida tão facilmente. Passar pela ladeira da Rua dos Andradas, no centro de Santa Maria, nunca mais será a mesma. Um mês depois, ainda é difícil segurar as lágrimas.  Que Deus continue iluminando as famílias enlutadas e que proteja aqueles que ainda permanecem nos hospitais.

#ForçaSantaMaria      Levante-te Santa Maria da Boca do Monte

Foto: Busca internet. Texto: Márcia Muller




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