27 de janeiro de 2013. Era para ser um domingo igual a muitos outros: sol, família reunida, churrasco, chimarrão... Porém, uma noticia que se espalhou rapidamente, mudou totalmente o rumo de muitas famílias: “O incêndio na Boate Kiss em Santa Maria”. O lindo sol foi substituído por uma enorme nuvem cinza.
Naquela manhã todos acordamos
estarrecidos, sem noção de toda aquela tragédia, sem conseguir acreditar no que
estava acontecendo em Santa Maria. A preocupação agora era saber se haviam
conhecidos entre as vitimas, tenho família e amigos que moram em Santa Maria.
Com o auxilio das redes sociais vi que todos estavam bem, porém quatro
agudenses e uma paraisense estavam desaparecidos. Mais tarde se confirmou o
pior: tinham falecido.
Com o passar do tempo a angustia
aumentava, assim como o número das vitimas. De repente o movimento e o barulho
de aviões e helicópteros começavam a quebrar o silêncio e a calmaria da minha
localidade. (Minha
região fica localizada em uma rota de aviões). Primeiramente, imaginei que
fossem autoridades, imprensa, etc. indo até Santa Maria. Depois fui saber que
eram várias jovens sendo transportados até Porto Alegre, em busca de
atendimento médico. Assim foi durante o domingo e a segunda. Era um vai e vem.
A cada barulho no céu era uma agonia. Eu sabia que lá em cima tinha uma pessoa
entre a vida e a morte. Dias depois
fiquei sabendo, que o número de voos tinha ultrapassado o número de 100.
Foram noites mal dormidas, mesmo
sem ter ninguém próximo, a dor era enorme. Pensava nos pais que não iriam mais
ter seus filhos para abraçar, beijar, dar um conselho...nos irmãos, avós, tios,
namorados que perderam seus entes queridos de uma forma tão trágica. Ninguém
teve tempo de se despedir de ninguém.
Brasil, estado, região e Santa
Maria ficaram enlutados. Festas de carnavais foram canceladas, entre elas o
famoso carnaval da Avajaces, na Quarta
Colônia; assim como outros vários eventos. Em um mês, a fiscalização aumentou.
Casas noturnas, clubes, sociedades, CTGs, foram interditados. As coisas
precisam acontecer para se tomar alguma atitude. Esse é nosso Brasil.
O beijo (Kiss) interrompeu o
sonho de muitas pessoas. Jovens, lindos e com um sorriso enorme no rosto. Já
passou um mês, ainda é difícil de acreditar, parece que foi ontem. A ferida,
dos familiares das 239 vitimas fatais, vai demorar a cicatrizar.
Que a justiça seja feita, que os
responsáveis sejam punidos. A maior tragédia da história do Rio Grande do Sul
não será esquecida tão facilmente. Passar pela ladeira da Rua dos Andradas, no
centro de Santa Maria, nunca mais será a mesma. Um mês depois, ainda é difícil
segurar as lágrimas. Que Deus continue
iluminando as famílias enlutadas e que proteja aqueles que ainda permanecem nos
hospitais.
#ForçaSantaMaria Levante-te Santa Maria da Boca do Monte
Foto: Busca internet. Texto:
Márcia Muller